Apresenta-se um caminho rumo à extinção do movimento liberal no Brasil devido ao fato de ter como líder maior um político manifestamente
antiliberal, em especial às liberdades individuais inerentes do Direito Negativo; com apreço a regimes autoritários e ditatoriais, além de apego a ideologias
fundamentalistas e teocráticas. Não bastando um partido que é “liberal” apenas no
nome.
E essa sucumbência, palavra de fato mais adequada, eclodiu
em diversas instituições atreladas à defesa do Liberalismo no Brasil, como o
Movimento Brasil Livre (MBL), o Partido NOVO (único partido registrado com diretriz liberal em seu estatuto), dentre outras lideranças de outras siglas, mas
que defendiam de forma contundente as ideias de liberdade. Que,
lamentavelmente, teve seu conceito deturpado e corrompido.
A essência do Liberalismo é o egoísmo, citado por Adam Smith
em A Riqueza das Nações: “Não é pela benevolência do açougueiro, do cervejeiro
ou do padeiro que nós contamos com o nosso jantar, mas pela consideração do seu
próprio interesse”. Em que pensando no nosso próprio bem-estar, é que
desenvolvemos atividades para gerar bem-estar nos outros, temos a motivação.
Todavia, o pensamento de Smith não pode ser considerado de
forma isolada, já que todos fomos beneficiados em momento anterior pelo egoísmo
de alguém, pelo afã de algum ganho financeiro. Ou seja, é necessário que a
pessoa que me compre também esteja bem, para assim o meu bem ser alcançado. Eis
que se edifica o conceito de coletividade e responsabilidade da liberdade dos
atos individuais.
Não há liberdade quando o indivíduo escolhe ou age segundo a
vontade alheia, ou segundo outros fatores externos. Também não há liberdade
quando o indivíduo escolhe ou age com ignorância. Adolfo Vasquez defendia que o
sujeito não ignore nem as circunstâncias nem as consequências da sua ação, ou
seja, que seu comportamento possua um caráter consciente, emergindo o conceito
de responsabilidade moral. A liberdade sempre teve alinhada com a
responsabilidade, e seu preço é a eterna vigilância, como dizia Thomas
Jefferson.
Dito isto, o manifesto liberal coloca alguns questionamentos
para a militância:
1) Como ser defensor da liberdade ao ter como baluarte e mentor uma figura que ignora completamente o conceito de coletividade, somando-se com uma total irresponsabilidade moral ao desprezar a dignidade da pessoa humana?
2) Como ser liberal e ajoelhar-se a um discurso
que ofende as liberdades individuais, encoraja atos de violência, usurpando
símbolos nacionais e uma cultura religiosa para edificar um projeto déspota de
Poder?
3) Vale a pena exaltar um representante que supostamente defende uma liberdade de expressão para atacar a reputação de alguém e a honra das instituições (olha o conservadorismo de faz-de-conta aí)?
4) Apoiar quem
sequer teve compromisso em reduzir o peso da máquina estatal? Há alguma “pitada”
de Liberalismo em tais pautas levantadas pelo atual “ícone da direita brasileira”?
Se foi isso que ser liberal no Brasil significou (bajuladores de Bolsonaro), então resta aos liberais dissidentes uma contundente ida para o centro, renunciando ao rótulo de “liberais”, aceitando a nada inglória alcunha de “sociais-democratas”. Há de se lamentar profundamente o que o "Liberalismo Tupiniquim" se tornou.
É necessário abolir este pensamento
nefasto alinhado com o fascismo do Século XX, assim como não se aproximar
demais da esquerda autoritária que sempre mitigou as liberdades do indivíduo. Afinal, ser tolerante com os intolerantes é ser cúmplice da intolerância.
Liberais do Brasil e do Mundo, uni-vos!
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